sexta-feira, 27 de junho de 2014

Crônica: Indignação


Como pode alguém agir com tanto requinte para crueldade, sem razão e desprovido de qualquer traço de sensibilidade? 

Como as pessoas ficam assim, se tornam “isso”?

Arrancaram a árvore! Arrancaram a nossa árvore! A árvore que plantamos quando nosso filho nasceu e que estava ali como parte da nossa história.

Nove anos! Assim como meu filho ela precisou receber cuidados para que crescesse forte e sadia, precisou de apoio para não cair, precisou de proteção enquanto se desenvolvia, precisou de um solo bem estruturado para que criasse raízes fortes. 

Já dizem os mais sábios que a ideia de plantio é muito reveladora sobre a arte de viver. Como na vida, sementes de hoje, frutos de amanhã! 

E tudo faz parte de um eterno ciclo. Quem hoje cuida, amanhã será cuidado. Nós que cuidamos, agora começávamos a receber seus cuidados que, através de seus galhos não mais tão franzinos, mas frondosos e bem mais altos, passavam a nos fazer sombra à janela do nosso quarto.

Estúpidos! Descartaram-na como a um indigente, talvez pela ignorância que lhes é tão própria e que não permiti que compreendam que, mesmo os que nos parecem estar ao léu tem uma história para contar e estão ligados por um fio invisível a alguém. A nossa árvore não estava à toa, tinha data de nascimento, nome de batismo e um fio delicado que a ligava nós.

Perversos! Eu repudio toda a soberba que sobrepuja a humildade, a força bruta que faz valer a valentia dos covardes.

Não! Os brutos não amam! Os brutos são incapazes de amar porque simplesmente desconhecem o que é afeto e dessa forma não sabem construir laços, mas ao invés e, na contramão disso, levam o dano.

Como são tolos! É mesmo de causar espanto tamanha estupidez! 

Jamais serão capazes de arrancar nossas memórias, de roubar nossa história.

Sei que é um enorme desperdício pensar em quem tem que agredir para ser percebido, gritar para ser ouvido, ameaçar para ser respeitado, causar dor para ser lembrado. 

Bárbaros! Para vocês, toda minha indignação!

Ainda tenho muito que fazer e muito mais que plantar e amar nessa vida. E ainda bem que o tempo passa... 

Há mais beleza em construir do que em destruir.

Insanos! Será que um dia alcançarão a diferença?



Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com

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