sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Crônica: Sem mais



Mais... estamos sempre querendo mais, estão sempre nos exigindo mais, parece que tudo gira em torno do mais. 

Se for bom, quero mais, e se não for, não quero mais. Até para o não querer usamos o mais. Parece mesmo uma praga que nos impede de enxergar que muitas vezes menos é mais.

E para nós mulheres eis as regras: Tem que ser mais inteligente, mais bonita, mais sexy, mais na cama, mais culta, mais competente, mais independente, mais antenada (e talvez, seguindo mesmo essa ordem)... tem que ser capaz de assumir cada vez mais papéis sem descer do salto, borrar o rímel e, claro, sem pirar. Ou seja, na era dos extremos, uma mulher com certificado de Full High Definition, traduzindo, com Máxima Alta Definição na horizontal e na vertical.

Enfim, a exigência do mais cansa muito mais, faz gastar muito mais... mais tempo de análise com certeza para nos livrarmos da culpa que acompanha os apelos dos tantos mais. 

Alguém disse que era assim e nós simplesmente seguimos assim. Passamos a ver as coisas não como elas são, mas como alguém disse que têm que ser. 

Mas dá tempo de mudar, de abolir a escravidão que nos impomos pelo excesso do mais e provarmos de toda liberdade que há no menos. Como na lei da física que diz que os opostos se atraem, o menos atrai o mais e, aqui, o menos se traduz numa vida mais clara, mais limpa de tanta insatisfação.

Menos expectativa e, por conseguinte, menos frustrações. Menos ansiedade, menos pressa, menos neuras, menos se importar em ter que ter a razão, menos preocupação com que os outros irão pensar ou falar, menos ser ou fazer simplesmente para agradar, menos porquês, menos tinta no cabelo, menos rugas de expressão, menos obrigação de se vestir de um estereótipo (até mesmo de ter que ser loira)... então, mais autenticidade, mais felicidade, mais sorrisos bobos e fartos, mais tranquilidade na mente... paz!

A operação que realmente deveríamos nos preocupar em aprender pra nossa vida é, sem dúvida, a subtração. Há tanto mais charme, mais graça, mais prazer, mais liberdade, mais vida em nossos dias quando aprendemos a subtrair. 

Paro e me pergunto:

- Por que insistimos na soma?

E digo para mim mesma:

- Siga a palavra de ordem que é subtrair. 

Sim, vou começar a subtrair para sublimar a vida com que ela tem de melhor, com todas as suas cores, perfumes e sabores. 

Por favor, sem mais!


Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com

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